Tag: Saúde bucal

  • Como acabar com a cárie em casa: entenda se é possível

    Como acabar com a cárie em casa: entenda se é possível

    A cárie dental é um problema recorrente na vida de muita gente, e isso traz alguns questionamentos, será se da de acabar com a cárie em casa sem a ajuda de um dentista? Infelizmente, a verdade é que, se o seu dente já está com cárie, não tem jeito, só um dentista pode resolver.

    Mas se acalme! Que há um porém, existem alguns métodos que ajudam a prevenir o aparecimento da cárie. E aqui nesse artigo, vamos ver algumas dessas formas e falar sobre algumas soluções caseiras muito usadas pelos brasileiros.

    Prevenção da cárie em casa

    Escovação

    Eu sei que é clichê e as pessoas estão cansadas de ouvir isso, mas escovar os dentes de forma adequada é a maneira mais simples e eficaz para prevenir a cárie. É importante escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia, durante dois minutos, com uma escova de cerdas macias e um creme dental com flúor. Para ser realmente eficaz, a escovação tem que ser feita em todos os dentes e cobrindo todas as suas partes, incluindo a parte de trás do dente, que é o local que mais tende a ser negligenciado.

    Alimentação

    É um tema as vezes controverso, mas um fato é: uma boa alimentação e estado nutricional, junto com uma escovação bem feita, é a melhor forma de evitar o aparecimento de cáries no dente. Pensando nisso, o melhor é evitar os alimentos que são ricos em carboidratos como o amido e a sacarose, pois eles estão diretamente relacionados ao desenvolvimento da cárie no dente.

    Hoje em dia está muito mais difícil de ter uma alimentação realmente saudável, afinal, a maioria dos produtos que consumimos são industrializados e cheio de carboidratos e gorduras. Apesar disso, algumas frutas e alimentos possuem um lugarzinho especial quando falamos de manter uma saúde bucal adequada. Um exemplo deles são as frutas que ajudam a fazer a limpeza da boca, como a cenoura, laranja, pera e maça, que durante a mastigação e digestão ajudam a tirar os resíduos de outros alimentos. Já as frutas cítricas, como laranjas e kiwis, têm muita vitamina C, que ajuda a fortalecer as gengivas e os tecidos que seguram os dentes, que é o periodonto.

    Outro tipo de alimentos que também são ótimos para a saúde bucal são as frutas vermelhas. Morangos e amoras têm antioxidantes que ajudam a prevenir a inflamação das gengivas, além de terem uma boa dose de vitamina C. Mas a lista de frutas não acaba aí. O consumo de abacate e a banana também são ótimos para a saúde bucal, o abacate tem potássio, vitaminas C e E, que ajudam a manter os dentes e gengiva saudáveis. E a banana, que além do boato infundado de que sua casca pode clarear o dente, também possui uma boa dose de potássio, magnésio e manganês, que ajudam a manter um dente mais saudável.

    Lembre-se que, mesmo que todas essas frutas apresentem vantagens para a saúde bucal e a nutrição em geral, ainda continua sendo importante que seja feito a escovação após o consumo delas. Afinal, a prevenção é o melhor tratamento.

    É realmente possível acabar com a cárie em casa?

    Não, não é possível acabar com a cárie profunda em casa sem a ajuda de um dentista, visto que a cárie representa a destruição dos tecidos que compõem o dente, como o esmalte e a dentina.

    O Brasil possui a fama de ter soluções caseiras para tudo, e isso algumas vezes funciona, enquanto em outras acaba por trazer mais malefícios do que benefícios. Um exemplo disso são as soluções caseiras feitas com bicarbonato de sódio, limão e óleo de coco, que por algum motivo começaram a se espalhar como a cura da cárie.

    Essas soluções caseiras podem parecer boas, mas não têm comprovação científica nenhuma, além de que, como foi dito anteriormente, podem causar mais malefícios. O bicarbonato de sódio, por exemplo, é extremamente abrasivo e pode prejudicar o esmalte dos dentes, deixando eles mais sensíveis e suscetíveis à cárie.

    O limão também é muito usado em soluções caseiras, onde se é feito uma limonada que promete fazer a cárie sumir. Infelizmente, devido ao limão ser uma fruta extremamente ácida, ele acaba por diminuir o pH da boca, contribuindo para a desmineralização e erosão do dente, o que novamente faz com que a cárie e o biofilme se desenvolva mais rapidamente.

    Resumindo, mesmo que pareça legal a ideia de resolver a cárie em casa, é importante lembrar que essas soluções não têm comprovação científica e podem até ser piores para a sua saúde bucal. Logo, o melhor a se fazer quando você percebe que o seu dente está com alguma cárie é ir imediatamente a um posto de saúde mais próximo que presta o serviço odontológico. Afinal, se a cárie ficar muito tempo no dente, ela vai se aprofundando até chegar na polpa, e nesse momento só se resta duas opções: ou faz canal, ou extrai.

    Conclusão

    A cárie dentária é um problema que só o dentista pode resolver. Mas dá para prevenir ela de maneiras bastante simples, como escovar da maneira correta e ter uma alimentação saudável. E depois de tudo o que foi dito, é evidente que testar uma solução caseira sem comprovação nenhuma acaba por piorar mais do que ajudar a situação, então tome cuidado!

  • Gengiva Inflamada: O que pode ser? Causas e tratamento

    Gengiva Inflamada: O que pode ser? Causas e tratamento

    A gengiva inflamada, também conhecida como gengivite, é uma doença que afeta o periodonto e possui como principal sinal o sangramento gengival, que pode ocorrer junto de outras características, como a gengiva ficando mais avermelhada, edemaciada, mudando de contorno e também com a presença de cálculo (tártaro) dental, que ocorre quando a placa bacteriana do dente não é retirada através da higienização durante um bom tempo.

    Esse processo inflamatório pode acontecer devido a diversos fatores, mas a maioria deles pode ser resolvido de maneira simples com a remoção do fator causador do problema.

    Nessa postagem, iremos abordar todas as informações que você precisa para resolver o seu problema de vez, como as suas características clínicas, causas e tratamento. Além de incluir dicas para manter o estado de saúde da sua gengiva de maneira prolongada.

    O que pode causar a inflamação na gengiva?

    Segundo os livros de patologia oral, existem vários fatores que podem estar relacionado a inflamação na gengiva, como a placa bacteriana, o trauma físico, uso de medicamentos, mudanças hormonais, escorbuto e leucemia.

    Entretanto, é importante conhecer os mais comuns para poder entender qual pode ser o seu caso, assim possibilitando uma procura mais eficiente por tratamento.

    As possíveis causas da gengivite são:

    Placa Bacteriana

    Praticamente todos os casos de gengivite possuem como principal causador a presença e o acumulo de placa bacteriana na superfície do dente. Nos casos em que ela ocorre, é comum também observar a presença de tártaro dental na superfície do dente, que indica uma grande falta de higiene bucal de maneira prolongada.

    Trauma

    É comum também casos onde a inflamação na gengiva ocorre devido a algum trauma na gengiva, podendo ser proveniente da mastigação ou da técnica de higiene bucal (escovar de maneira agressiva, por exemplo). Nesses casos, ocorre a ruptura da mucosa e a infecção secundária devido a presença da microbiota local.

    Quando acontece apenas algumas vezes, de forma aguda, o local da agressão vai ficar vermelho durante um tempo e vai voltar ao normal um tempo depois. Mas se isso acontecer várias vezes, de forma crônica, as áreas atingidas podem ficar edemaciadas e vermelhas de maneira prolongada.

    É conveniente falar também do granuloma piogênico, que é um tumor benigno que ocorre devido a uma resposta inflamatória exagerada a qualquer trauma. Caso você veja que um caroço de coloração parecida com própria gengiva começou a crescer no local de algum trauma, é essencial você procurar um dentista para falar sobre sua suspeita. E não precisa se preocupar! O tratamento é simples e consiste na remoção cirúrgica desse tumor.

    Medicamentos

    Uma das diversas causas para gengivite é o uso de medicamentos, que dependendo do caso e do tipo, podem causar como manifestação o crescimento anormal de tecido gengival, conhecido como aumento gengival associado a medicamentos.

    Alguns dos grupos de medicamentos que, segundo vários autores, podem aumentar as chances desse problema acontecer são: ciclosporina (agentes imunossupressores), fenitoína (associado ao tratamento de epilepsia) e nifedipina (medicamento usado para o controle de pressão arterial).

    Obviamente o uso desses medicamentos não deve ser interrompido devido a esse fator, mas serve de guia para entender o motivo dessa condição. Pois assim como a maioria dos casos de gengivite, o biofilme continua sendo o fator principal para seu aparecimento, e com ele controlado, é previsto que boa parte dessa condição seja controlada junto.

    Mudanças Hormonais

    Esse é um fator que afeta principalmente as mulheres, principalmente para aquelas que já possuem um pouco de inflamação devido a preexistência de placa bacteriana. O motivo das mulheres serem mais suscetíveis é devido a elas possuírem mais períodos em que se ocorre as alterações hormonais, como a puberdade, menstruação, menopausa e gravidez.

    Os homens também não estão excluídos da equação, pois também passam pela etapa da puberdade, onde vão ter seus níveis de testosterona elevados.

    Mesmo para esses casos, a placa bacteriana continua sendo necessária para o inicio do aumento e da inflamação da gengiva, e quanto pior for a higiene bucal da pessoa, maior o agravo. Isso acontece pois o periodonto sofre muitas alterações durante os períodos de flutuações hormonais, e fica muito mais fácil para a gengiva ser influenciada por hormônios como o estrogênio e a progesterona.

    No caso da gravida o caso recebe um pouco mais de atenção, pois elas podem possuir até mesmo uma gengivite “diferente” chamada de gengivite da gravidez. Isso ocorre pois durante o período de gestação os níveis de hormônios esteroidais são mantidos na ultima fase do ciclo menstrual, fazendo com que a mulher produza grandes quantidades de estradiol, progesterona e estriol. E obviamente, esses casos também podem ser resolvidos com um bom controle placa bacteriana feito em casa e no dentista.

    Deficiência de vitamina C

    É isso mesmo, a deficiência de vitamina C tem um grande potencial de causar o aumento gengival, fazendo com que ela seja uma das características mais comuns de uma doença chamada escorbuto, que é causada por essa deficiência.

    É importante saber que esse problema ocorre nos casos em que a deficiência e privação acontecem de maneira crônica, durante algum período de tempo. Nos casos em que ela é aguda, pode não ter nem mesmo a inflamação, mas ainda pode causar uma facilidade de sangramento na gengiva, degeneração do colágeno e edema no tecido conjuntivo gengival.

    Leucemia

    A leucemia é um distúrbio hematológico de origem na maioria das vezes desconhecida, caracterizado pela proliferação e diferenciação de glóbulos brancos malignos, que acabam por destruir a medula óssea e promover a substituição de células saudáveis por cancerosas. As alterações a seguir ocorrem de maneira mais comum nos casos de leucemia aguda.

    Segundo estudos, a leucemia apresenta diversas manifestações orais como o sangramento e inchaço gengival, úlceras orais e até mesmo hiperplasia. No caso do inchaço (ou edema) gengival causado pela condição, ele pode ser separado em alguns tipos: os marginais, localizados ou generalizados. O nome do tipo é associado diretamente a sua característica, como por exemplo o marginal (ou difuso) se apresentando como uma extensão da gengiva marginal.

    No caso das pessoas que apresentam o aumento gengival causado pela leucemia, é possível que além das características padrões de inflamação na gengiva, eles também apresentem uma inflamação ulcerativa necrosante dolorosa no local entre a gengiva que está edemaciada e a superfície do dente.

    Tratamento da Gengiva Inflamada

    A maioria dos casos de gengivite podem ser tratados com o controle e a remoção da placa bacteriana (aquela “massinha” que aparece nos dentes após um tempo sem fazer a higiene bucal) feitos através da escovação. Através desse tratamento, a gengiva vai desinchando após alguns dias ou semanas.

    O problema ocorre pois a maioria das pessoas não possuem as habilidades e nem a motivação para manter a higiene bucal em seu estado de saúde máximo, e para todos esses casos, é essencial que a pessoa faça avaliações constantemente com o dentista, principalmente se possui algum dos fatores sistêmicos citados anteriormente, que influenciam bastante no agravamento dessa condição.

    Além disso, os enxaguatórios bucais, quando usados de maneira certa e sem exagero, possuem comprovação em sua eficácia de combater e controlar a placa e a gengivite, se tornando uma grande mão na roda para todos aqueles que precisam de um cuidado a mais para manter o estado de saúde da gengiva.

    Conclusão

    Na maioria dos casos, a gengivite é uma condição evitável que pode levar a problemas de saúde bucal mais graves se não controlada de maneira adequada. A falta de uma higiene bucal adequada costuma ser a principal causa dessa condição, mas ela também pode aparecer devido a diversos outros fatores, como as alterações hormonais e leucemia.

    De maneira geral, a melhor maneira de lidar com essa condição é através de uma excelente higiene bucal, pois dessa forma a placa bacteriana pode ser removida e controlada. Nos casos onde as alterações sistêmicas influenciam, a melhor maneira de tratar é por meio do acompanhamento de dentistas qualificados, como um periodontista, que é um dentista especializado nas estruturas do periodonto, como a gengiva.

    Caso você tenha algum dos sintomas apresentados no artigo, não hesite em procurar um dentista, a melhor cura é a prevenção.

  • O Guia do Periodonto: o que é, anatomia e função

    O Guia do Periodonto: o que é, anatomia e função

    Devido ao dente ter um certo protagonismo quando se trata da saúde bucal, muitos dentistas e estudantes acabam negligenciando o periodonto e sua anatomia, que culmina por ser um dos elementos mais importantes para o bem-estar bucal, sendo responsável pelas funções de proteção e suporte dos nossos dentes.

    Nesse guia, vamos discutir sobre todos os pontos que abordam o periodonto, como sua anatomia, funções, estruturas e características.

    O que é e o que compõe o Periodonto?

    O periodonto é o conjunto de estruturas que envolvem os dentes, oferecendo o suporte necessário para manter eles em sua função. Ele é composto por quatro estruturas principais:

    • Epitélio gengival: estrutura mais superficial que recobre o osso alveolar e o cemento radicular;
    • Ligamento periodontal: é uma estrutura fibrosa que conecta o cemento radicular ao osso alveolar;
    • Cemento radicular: camada de tecido calcificado que cobre a raiz dos dentes;
    • Osso alveolar: é a estrutura óssea que forma a base da cavidade oral.

    Embora tenham localizações e composições que se diferem, todas as quatro estruturas atuam para manter a mesma unidade em funcionamento, e por isso, quando qualquer uma dessas estruturas sofre algum tipo de alteração devido a patologias, os outros componentes do periodonto acabam por também sofrer implicações em suas funções. (1)

    Anatomia do Periodonto
    Estruturas que constituem o periodonto

    Função do Periodonto

    A principal função do periodonto é manter os dentes protegidos de agentes prejudiciais externos e garantir a sua sustentação. Em suma , ele ajuda a proteger as raízes dos dentes, amortecendo as forças de mastigação e prevenindo fraturas, e servindo como barreira protetora contra bactérias e outras substâncias que podem culminar em patologias na gengiva e nos dentes.

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    Epitélio Gengival

    O epitélio gengival possui muitas funções, sendo elas: servir como barreira física de proteção a organismos e infecção, servir de inserção para a gengiva subjacente e , de acordo com pesquisas recentes, também vai possuir um papel ativo na defesa imune, ajudando na resposta e sinalização imune quando há a entrada de bactérias no epitélio, por exemplo.

    Ele vai se dividir em três tipos:

    • Epitélio oral externo: é a parte do epitélio que é voltada para a cavidade oral, e é constituído pela gengiva marginal (ou livre), inserida e interproximal.
    • Epitélio oral do sulco: é a região voltada para o dente, sem entrar em contato direto com o dente.
    • Epitélio juncional: é uma das regiões mais importantes do epitélio gengival, e é uma região que tem como função promover o contato da gengiva com o dente.

    Todos esses três tipos de epitélio atuam na mesma função, que é atuar na homeostase da boca e no sistema de defesa.

    Gengiva marginal

    A gengiva marginal, ou livre, é a porção da gengiva que recobre a coroa dos dentes. Ela é composta por um epitélio estratificado pavimentoso queratinizado, que é uma camada de células que revestem a superfície externa da gengiva e é responsável pela proteção contra lesões, infecções e outros agentes agressores.

    Quando alguma patologia atinge a gengiva, é comum ela ficar inflamada, e o principal ponto de sangramento e edema vai ser localizado na própria gengiva marginal.

    A gengiva livre também tem como função proteger os dentes e os ossos da cavidade oral, além de fornecer uma vedação hermética ao redor do dente. Ela é separada da gengiva inserida através da ranhura gengival.

    Gengiva inserida

    A gengiva inserida é a porção da gengiva que se inicia logo abaixo da ranhura gengival da gengiva marginal, e vai até a mucosa alveolar, sendo conectada ao periósteo . Ela é composta por um epitélio estratificado pavimentoso que varia entre queratinizado e paraqueratinizado, o que dá a ela uma característica firme e resiliente à danos mecânicos.

    Uma das suas principais funções é ser responsável por proteger os dentes e os ossos da cavidade oral, fazendo dela um importante componente do que chamamos de periodonto de proteção.

    Ela vai possuir uma textura firme, rosa e, assim como a gengiva marginal, pode possuir um aspecto de casca de laranja em indivíduos saudáveis devido as inserções das fibras conjuntivas.

    Gengiva interproximal

    A gengiva interproximal é a porção da gengiva que fica entre dois dentes adjacentes. Ela é composta por um epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado e tem como função proteger os dentes e os ossos da cavidade oral, o que a torna componente do periodonto de proteção.

    A gengiva interproximal também tem uma função estética importante, pois é a parte da gengiva que forma o triângulo negro, ou o “col” entre os dentes. Ela é separada por um espaço interdental, que é a região entre os dentes.

    Epitélio do sulco

    Também conhecido como epitélio sucular, ele vai ser a parte do epitélio gengival que vai estar entre o esmalte e a camada superior da gengiva marginal (ou livre), mas sem possuir nenhum contato direto com o dente. Seu epitélio possui células cúbicas e é estratificado pavimentoso com superfície queratinizada.

    Suas características principais são:

    • Mesmo sendo menos permeável que o epitélio juncional, ele ainda pode servir de membrana semipermeável, permitindo a passagem de alguns patógenos;
    • Ele é mais espesso na região coronária;
    • Possui cerca de 0,69 mm, podendo variar de pessoa para pessoa.

    Epitélio juncional

    Como dito anteriormente, o epitélio juncional vai promover o contato do dente com a gengiva, e assim como o epitélio do sulco e do oral, está sempre em renovado por meio da divisão celular da camada basal.

    Algumas de suas principais características são:

    • Vai afunilando da região coronária para a apical;
    • Em tecidos saudáveis, o epitélio juncional vai se localizar na junção cemento esmalte;
    • Possui baixo poder de proteção ao biofilme que vem do sulco gengival;
    • Uma de suas funções é permitir o acesso do fluído gengival, células inflamatórias e componentes imunológicos para a gengiva marginal;
    • Suas células possuem rápida renovação, fazendo isso entre 6 a 7 dias;
    • Possui capacidade endocítica: faz a captura, isolamento e degeneração de restos celulares e agentes microbianos.

    Ligamento Periodontal

    O ligamento periodontal é uma estrutura fibrosa que conecta o cemento radicular ao osso alveolar. Ele é responsável por amortecer as forças de mastigação e ajudar a manter os dentes firmes na boca. Além disso, o ligamento periodontal é responsável pela nutrição do cemento radicular e do osso alveolar.

    Essa fibras vão se organizar em seis grupos, aos quais são:

    • Fibras transeptais: estão presentes na interproximal dos dentes, e se insere no cemento de um dente para o cemento do dente adjacente. Como ela não tem contato com o osso alveolar, ela é considerada uma fibra gengival;
    • Fibras da crista alveolar: essas fibras vão se estender de maneira obliqua do cemento até a crista óssea alveolar. Mas as vezes também podem passar por cima da crista e se inserir na camada do periósteo que recobre o osso alveolar;
    • Fibras horizontais; se estende de maneira perpendicular do cemento do dente até o osso alveolar;
    • Fibras obliquas; vão ser as fibras de maior quantidade, e vão se estender de maneira obliqua do cemento para o osso alveolar. Assim como o grupo de maior quantidade, ele também vai desempenhar uma função importante, que é a de suportar os impactos das forças oclusais e transformar em tensão para o osso alveolar;
    • Fibras apicais; vão se estender de maneira apical e irregular do cemento até o osso alveolar, na parte do fundo do alvéolo. Por esse motivo, não vão ser encontradas fibras apicais em dentes que ainda estão em formação;
    • Fibras inter-radicular: assim como o nome diz, são fibras que vão se estender em forma de leque a partir do cemento até as áreas de furca nos dentes com mais de uma raiz.

    Cemento Radicular

    O cemento radicular é uma camada de tecido mineralizado, calcificado e avascular, que reveste a superfície radicular do dente. Ele é dividido entre dois principais tipos, o cemento radicular celular (primário) e o cemento radicular acelular (secundário).

    Assim como outros tecidos mineralizados, os seus dois tipos vão se constituir de matriz interfibrilar calcificada e fibras colágenas, que vão se embutir em uma matriz orgânica.

    A fonte dessas fibras colágenas que o cemento possui vão ser principalmente das fibras de sharpey, que são produzidas por fibroblastos e possuem as suas extremidades inseridas no cemento e no osso alveolar. Graças a essas fibras presentes no cemento radicular acelular, ele se torna um importante elemento no periodonto de sustentação, pois vai por meio dele que vai acontecer a conexão do dente com o osso alveolar.

    Processo Alveolar

    O processo alveolar, ou como também é chamado, o osso alveolar, vai ser a porção da maxila ou mandíbula que forma os alvéolos dos dentes e dão o suporte a sua sustentação. Ele vai se formar durante a erupção dentária, e – enquanto não houver algum tipo de alteração patológica – vai existir até o momento da perda do dente em questão, que é o momento em que ele vai gradualmente desaparecendo.

    Logo, o processo alveolar vai se consistir em:

    • Uma porção externa de osso cortical;
    • Uma parede interna formada por um osso fino e compacto;
    • Trabéculas esponjosas, que vão ser encontradas entre as duas camadas de osso citadas anteriormente, e vão ser responsáveis por sustentar o osso alveolar.

    O processo alveolar, em conjunto com as outras estruturas do periodonto de sustentação – que é o cemento radicular e o ligamento periodontal – vão constituir o aparelho de sustentação e inserção dos dentes, que vai ter como função a distribuição das forças oclusais geradas pela mastigação e outros contatos dentários, como os que acontecem na parafunção oral.

    Histologia do Periodonto

    Como dito anteriormente, o periodonto é feito de várias estruturas, e para explicar melhor sua histologia, é necessário separar ela em alguns tópicos.

    Histologia do Epitélio Oral

    Como o epitélio oral é feito de um epitélio estratificado pavimentoso queratinizado, boa parte de suas células (cerca de 90%), vão ser células produtoras de queratina. Mas resumir sua histologia dessa forma seria um erro enorme, já que os outros 10% também são células extremamente importantes para o seu funcionamento. (2)

    Essas células são:

    • Queratinócitos: são cerca de 90% de todas as células do epitélio oral, e vão ter como função produzir a queratina, uma proteína fibrosa que vai impermeabilizar e fazer da epiderme uma camada de proteção.
    • Células de Merkel: presentes na camada basal, as células de Merkel vão possuir uma função de sensibilidade.
    • Células de Langerhans: são células que atuam no sistema de defesa do epitélio, reagindo a antígenos que o penetrarem. Essas células vão ser responsáveis por produzir uma resposta imunológica inicial, impedindo que esses antígenos atinjam camadas mais profundas.
    • Melanócitos: Como o nome diz, são células responsáveis por produzir a melanina, que traz a proteção do epitélio aos raios UV.

    Tecido conjuntivo da Gengiva

    Também conhecido como lâmina própria, o tecido conjuntivo da gengiva vai ser dividido em camada papilar, que é adjacente ao epitélio, e a camada reticular, que é contígua ao periósteo do osso alveolar adjacente.

    • Camada papilar: é um tecido conjuntivo do tipo frouxo que vai ter papilas com função de aderência ao epitélio;
    • Camada reticular: é um tecido conjuntivo denso não modelado, e vai ser basicamente o tecido conjuntivo propriamente dito. Ele vai ser bem mais espesso que a camada papilar.

    Compartimento extracelular

    Além dessas duas camadas, esse tecido conjuntivo vai ser composto por um componente celular e um compartimento extracelular. Assim, os principais componentes dele, com base no volume, serão:

    • Fibras colágenas (com mais ou menos 60% do volume);
    • Fibroblastos (5% do volume);
    • Vasos, nervos e matriz (cerca de 35% do volume).

    Fibras do tecido conjuntivo

    Esse tecido conjuntivo possui três tipos de fibras, sendo elas:

    • Fibras colágenas: assim como o nome diz, são feitas de colágeno, o que garante a elas uma característica grossa e resistente, impedindo o tecido de rasgar quando esticado;
    • Fibras reticulares: são fibras ramificadas que vão ligar o tecido conjuntivo aos tecidos adjacentes;
    • Fibras elásticas: feitas de elastina, vão conferir a elasticidade do tecido conjuntivo frouxo, complementando a resistência das fibras colágenas. São elas que vão fazer o tecido voltar a posição inicial após ser puxado.

    Substância fundamental

    Entretanto, todos esses componentes não ficam encostados um no outro no tecido conjuntivo, algo precisa estar preenchendo o espaço entre eles, e a substância responsável por isso é chamada de substância fundamental.

    A substância fundamental vai ser responsável por preencher os espaços entre as fibras e as células, e vai possuir um alto teor de água. Ela é constituída de proteoglicanos e glicoproteínas.

    Glicoproteínas e Proteoglicanos

    Entre os proteoglicanos da substância fundamental, o mais destacável é o ácido hialurônico. E entre suas glicoproteínas, as principais são:

    • Fibronectina: vai fazer a ligação dos fibroblastos nas fibras e nos muitos outros componentes da matriz celular, assim ajudando também na mediação e migração de células. Por isso, ela apresenta função na cicatrização, fagocitose e coagulação.
    • Laminina: entre muitas outras coisas, o principal papel da laminina é fazer a ligação da lamina basal ao epitélio. Assim, ela vai atuar na adesão, migração, diferenciação e crescimento celular.

    Fibras gengivais

    Ainda falando do tecido conjuntivo da gengiva, temos as fibras gengivais, cujas funções são: promover a adesão da gengiva no dente, dar resistência a gengiva nas forças de mastigação sem que aja deslocamento apical e conectar a gengiva marginal a inserida e ao cemento. Essas fibras se dividem em:

    • Dentogengivais: Possuem formato de leque, e saem do cemento para as três direções, a crista marginal, gengiva inserida e periósteo. Na região entre os dentes, ela vai se dirigir para a gengiva interproximal.
    • Circulares: passam pelo tecido conjuntivo sem contato nenhum com o dente, formando uma fibra semelhante a um anel.
    • Interproximais (transeptais): essas fibras saem do cemento radicular de um dente para se inserir no cemento radicular do dente adjacente.
    • Dentoperiostais: saem do cemento radicular para o periósteo.

    Conseguiu absorver o conhecimento?

    É de suma importância para um dentista, ou estudante de odontologia, entender sobre as estruturas e suas respectivas funções no periodonto, já que é por meio dele que o dente vai usufruir de uma proteção e sustentação imprescindível para seu desenvolvimento e saúde.

    Da mesma forma, se um dentista ou estudante não entender sobre as estruturas, ele pode acabar prejudicando o paciente mesmos em intenção. Por isso, compartilhe a postagem com quem você acha que precisa saber mais sobre esse assunto.

    Fonte das Informações

    (1) Newman M. G. Takei H. H. Klokkevold P. R. & Carranza F. A. (2019). Newman and carranza’s clinical periodontology (Thirteenth). Elsevier. Retrieved June 23 2023 from https://search.ebscohost.com/login.aspx?direct=true&scope=site&db=nlebk&db=nlabk&AN=1903217.
    (2) Lindhe J. Lang N. P. & Karring T. (2008). Clinical periodontology and implant dentistry (5th ed.). Blackwell Munksgaard.

  • O que é Mucocele? – Características e Tratamento

    O que é Mucocele? – Características e Tratamento

    Ao contrário do nome que pode vir a assustar um pouco, a mucocele é uma lesão comum da mucosa oral e que muitas das vezes é auto limitante, ou seja, podem se romper naturalmente e cicatrizar após alguns dias.

    Por isso, é seguro dizer que se seu dentista diagnosticou que você tem uma mucocele, não existe razão para se preocupar, pois ela é apenas um aumento de volume benigno que não tem muita relação com doenças mais graves.

    Ainda sim, ter um conhecimento mais aprofundado em relação a lesões comuns como a mucocele é de suma importância para saber como reagir ao seu aparecimento, por isso, vamos falar sobre suas características.

    Características da Mucocele

    O que é Mucocele - Imagem de uma mucocele no lábio inferior

    Visualmente, a mucocele aparece como uma bolha que se forma e vai crescendo na cavidade bucal. A sua localização pode ser bem variada, podendo aparecer nos lábios inferiores, assoalho da boca (região da mucosa abaixo da língua), ventre da língua (a parte de baixo da língua) e outras localizações menos comuns, como na mucosa jugal, palato, região retromolar e lábios superiores.

    O conteúdo da mucocele sempre vai ser o líquido salivar (mucina), e é por isso que ela também é conhecida como fenômeno de extravasamento de muco.

    Suas outras características são:

      • Tamanho: o tamanho da mucocele costuma ser bem pequeno, e vai variar de 1 a 2 mm a alguns centímetros.

      • Coloração: devido ao extravasamento da mucina, a mucocele geralmente ser ser transparente ou azulada, podendo em apenas alguns casos adquirir uma cor branca, amarelada ou rosada.

    Sintomas e Causas da Mucocele

    Como dito anteriormente, a mucocele é uma lesão auto limitante que não costuma causar dor, mas que pode vir a rescindir caso o seu fator de origem não seja removido. A lesão pode ter um tempo de crescimento que varia de alguns dias a diversos anos, podendo se romper de vez em quando e liberar o seu líquido salival interno.

    Quando ela se rompe, a mucocele costuma deixar uma ulceração rasa que pode vir a ser dolorosa, mas que cicatriza após alguns dias. E como ela é resultante da ruptura do ducto de uma glândula salivar, se sua causa não for resolvida, a mucocele pode vir a aparecer novamente na mesma localização.

    A causa da mucocele pode ser bem variada, mas geralmente ela é resultante de um trauma no local, o que justifica o fato dela ser mais comuns em crianças e em adolescentes. Por esse motivo, é bem importante que a pessoa evite ter hábitos para-funcionais, como morder constantemente a região dos lábios e as bochechas, que são regiões de traumas constantes e que possuem glândulas salivares em suas redondezas.

    Formas de tratamento

    Como dito anteriormente, geralmente a mucocele vai se romper e se cicatrizar naturalmente, não causando muitos problemas a quem a possuir.

    Entretanto, caso ela não se rompa ou tenha uma natureza crônica (vir a rescindir após a sua cicatrização), é necessário a intervenção de um profissional, e no caso da mucocele, a de um dentista.

    Dependendo do caso, o dentista pode ter que remover a glândula salivar menor que está causando o extravasamento do muco para os tecidos adjacentes, além de precisar também fazer exames complementares, como a biópsia, para confirmar o diagnóstico e ter certeza de que não existem outros problemas maiores na região.

    Qual a diferença entre rânula e mucocele?

    Essa é uma dúvida muito comum tanto para quem possui mucocele, que pode vir a escutar que na verdade possui uma rânula, quanto para dentistas e estudantes, que não podem dar diagnósticos errados para um paciente.

    De forma resumida, a rânula vai ser a denominação correta para a mucocele que se localiza no assoalho da boca, que também é onde se encontra a glândula sublingual, que na maioria das vezes é a glândula causadora da lesão.

    Em comparação com a mucocele, a rânula tende a possuir um tamanho maior, podendo chegar até mesmo a preencher o assoalho da boca e causar a elevação da língua.

    Lembrando que mesmo possuindo os mesmos sintomas e características demonstrados nesse post, é de suma importância fazer uma avaliação com um dentista capacitado para que ele possa fazer o diagnóstico e tratar da melhor forma a sua lesão.

    Bibliografia

    NEVILLE, B.W.; DAMM, D.D.; ALLEN, C.M.; BOUQUOT, J.E. Patologia Oral e Maxilofacial. Trad. 3a Ed., Rio de Janeiro: Elsevier, 2009, 972p.