O Sistema Internacional de Detecção e Avaliação de Cáries (ICDAS) utiliza um conjunto de códigos para classificar a gravidade das lesões de cárie em dentes coronários. A classificação varia de 0 a 6, onde cada código descreve uma condição específica da superfície do dente, desde um dente sem cárie até uma cavidade extensa com dentina visível.
Objetivos do ICDAS II
O principal objetivo do ICDAS é padronizar e aprimorar o diagnóstico de cáries, reduzindo a variabilidade existente nos métodos de exame tradicionais. Muitas vezes, um dentista pode classificar uma lesão de cárie como inativa sem descrever adequadamente seu estado de progressão, o que pode comprometer tanto o planejamento do tratamento quanto a comunicação entre profissionais.
Com o ICDAS, dentistas em qualquer parte do mundo têm uma ferramenta eficaz para classificar o estágio da cárie de forma precisa e uniforme, facilitando o diagnóstico, a conduta clínica e a comunicação entre colegas.
Como funciona o ICDAS II?
O sistema ICDAS padrão divide-se em dois critérios principais: cáries coronárias primárias (ou oclusais) e cáries radiculares.
- Código de Detecção: Este código vai de 0 a 9 e se refere ao nível de restauração do dente. Embora seja menos utilizado em comparação ao código de atividade de cárie, ele é crucial para uma avaliação completa da saúde bucal do paciente.
- Código de Atividade da Cárie: Este é o código mais conhecido, variando de 0 a 6, e descreve o estágio da lesão cariosa. Com base nesses códigos, os dentistas podem elaborar um protocolo de tratamento eficaz, alinhado às práticas biomiméticas e minimamente invasivas, preservando o máximo de tecido dentário saudável e prolongando a longevidade dos dentes.
Tabela do ICDAS II
Agora que você entendeu como o ICDAS funciona, veja a tabela de códigos com a descrição e detalhamento sobre cada um deles:
Código | Descrição | Detalhamento |
---|---|---|
0 | Superfície Dentária Saudável (Sem Cárie) | Nenhuma ou sútil alteração na translucidez do esmalte após secagem de 5s. A superfície adjacente a uma restauração ou selante é considerada saudável, desde que não haja evidência de cárie. Defeitos marginais menores que 0,5 mm são considerados normais. |
1 | Primeira Alteração Visual no Esmalte | Opacidade dificilmente visível na superfície úmida, mas notável após secagem. Mancha escurecida apenas no fundo do sulco ou fissura. No caso de uma restauração, quando visto molhado, não há alteração visível, mas após secagem prolongada, há uma opacidade ou descoloração que não condiz com o esmalte sadio. |
2 | Alteração Visual Distinta no Esmalte/Dentina | Opacidade visível sem secagem. Mancha escurecida no fundo do sulco ou fissura, avançando pelas vertentes. Quando adjacente a uma restauração, uma opacidade ou descoloração é visível em esmalte ou dentina, que não é consistente com a aparência do esmalte ou dentina sadios. |
3 | Microcavidade ou Cavitação Localizada em Esmalte | Cavitação localizada em esmalte opaco ou pigmentado. No caso de restaurações, uma cavidade menor que 0,5 mm é acompanhada por sinais de desmineralização ou descoloração. |
4 | Sombra de Dentina Subjacente | Sombreamento da dentina subjacente visível através do esmalte úmido, com ou sem microcavidade. Em restaurações, pode haver uma sombra escura de dentina visível sob o esmalte aparentemente intacto, ou uma pequena quebra localizada no esmalte sem dentina visível. |
5 | Cavidade com Exposição de Dentina Subjacente | Cavitação em esmalte opaco ou pigmentado com exposição da dentina subjacente. Adjacente a restaurações, uma cavidade maior que 0,5 mm de largura, ou descontinuidade no esmalte/dentina que expõe a dentina. |
6 | Cavidade Extensa com Exposição de Dentina | Cavitação em esmalte opaco ou pigmentado envolvendo mais da metade da superfície, com dentina visível. Em restaurações, há uma perda evidente de estrutura dentária, com uma cavidade ampla e dentina visível tanto nas paredes quanto na base. |
Como pode ser visto com a tabela, é essencial que os dentes estejam secos para garantir uma melhor identificação do estágio da lesão cariosa, e consequentemente um melhor tratamento.
Também fizemos uma tabela em imagem para facilitar o entendimento, e você poder adicionar em seu resumo de odontologia:
Aplicação Clínica e Condutas com o ICDAS
Para facilitar o entendimento de quais as condutas clínicas para cada Score, montamos um diagrama com a descrição de quais condutas devem ser seguidas de acordo com o tipo de lesão, e o score do ICDAS.
Na prática clínica, o ICDAS é uma ferramenta poderosa para a detecção precoce de cáries e a avaliação da saúde bucal do paciente. Ele permite que os dentistas identifiquem lesões cariosas antes mesmo de serem visíveis a olho nu, o que é essencial para a intervenção precoce e a prevenção de progressões mais graves.
Por exemplo, um paciente pode apresentar manchas brancas ou marrons em seus dentes que, de outra forma, poderiam ser ignoradas. Com o ICDAS, essas manchas são identificadas como lesões iniciais (scores 1 ou 2), e o tratamento pode ser direcionado para remineralização, evitando o desenvolvimento de cavidades.
Fontes da Postagem
(1) Neeraj Gugnani, IK Pandit, Nikhil Srivastava et al. 2010. International Caries Detection and Assessment System (ICDAS): A New Concept. International Journal of Clinical Pediatric Dentistry, May-August 2011;4(2):93-100. Link do artigo na National Library of Medicine
(2) Carlos, João. (2008). Método ICDAS para diagnóstico de cárie dentária, Revisão de literatura. Faculdade de Saúde de Petrolina. Disponível em: Artigo no Repositório da Faculdade Soberana
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